Brasil forte repatria cerebros
Postado por MGonzalez no 2 de fevereiro de 2012Um sinal importante sobre o grau de desenvolvimento de uma nação é o destino da sua mão de obra mais qualificada. Em tempos difíceis, grandes cientistas e pensadores tendem a migrar para lugares em que seu conhecimento e talento são mais valorizados.
Foi assim no Brasil durante muitos anos: “exportamos” cérebros — para Europa, EUA ou Japão — tanto quanto matérias-primas. A estagnação da economia brasileira iniciada no fim da década de 1970 e a falta de políticas públicas de incentivo ao desenvolvimento científico e de pesquisa colaboraram para o mais recente período de “exportação” de profissionais qualificados.
Com todo esse histórico, é muito bom poder dizer que isso começa a mudar. É cada vez maior o número de pesquisadores e profissionais que deixaram o país para fazer carreira no exterior e, agora, retornam para aproveitar as oportunidades de crescimento que o Brasil oferece.
Um bom exemplo é a área da saúde. A tendência de retorno dos médicos ao país é confirmada pelos principais organismos de fomento à pesquisa: o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e a Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
Sem apoio para continuar seus trabalhos nos países desenvolvidos, devastados pela crise econômica internacional, esses pesquisadores passaram a ver no Brasil um terreno fértil para realizar suas atividades. Uma das razões é o aumento na verba disponível para pesquisa, tanto no setor público como no privado. Só em São Paulo, os hospitais particulares esperam investir R$ 2,7 bilhões em pesquisa nos próximos cinco anos.
Segundo o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, desde o ano 2000, os investimentos no setor de P&D saltaram de R$ 26,3 bilhões para R$ 43,7 bilhões em 2008. Enquanto isso, nos EUA, a verba disponível para pesquisa caiu 20%.
Essa realidade de um Brasil fortalecido, prestes a se tornar a quinta maior economia do mundo, começa a atrair também pesquisadores estrangeiros não só da área médica. O número de vistos de trabalho para estrangeiros cresceu 50% entre 2009 e 2011, de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego. Boa parte deles é de profissionais qualificados atraídos por oportunidades como a exploração do pré-sal e os grandes eventos esportivos que vamos sediar.
O “resgate” dos cérebros brasileiros, somado à chegada de profissionais de outras nacionalidades, é uma notícia duplamente positiva, pois, além de trazerem na bagagem toda a experiência e conhecimento acumulados no exterior, eles contribuem para amenizar o déficit de mão de obra qualificada, que aumentará ante a perspectiva de manter nosso crescimento nos próximos anos.
No entanto, isso não é suficiente. Precisamos continuar aumentando os recursos disponíveis para desenvolvimento e pesquisa, chegando a pelo menos 1,5% do PIB — em 2008, alcançamos 1,19%, o que já é praticamente o dobro do que ocorre nos demais países da América Latina. Também é imperativo continuar e acelerar os investimentos na qualidade da educação, desde o ensino básico até o nível superior e a pós-graduação.
Esse retorno de profissionais qualificados é fundamental para que o Brasil esteja preparado para os desafios futuros, um caminho longo e cheio de percalços. Mas a volta de talentos do exterior revela que uma grande transformação está em curso. Nossa responsabilidade é aprofundá-la.
Post Relacionados
Publicado em: 2 de fevereiro de 2012
Categorias: Crise economia, Desemprego, Economia, Economia Brasil, Economia Brasil 2012, Emprego Brasil, Noticias Econômicas do Brasil, PIB 2012, PIB Brasil, Problemas Comerciais, Setores da economia
Sem comentários
RSS de comentários. TrackBack URI